quarta-feira, 4 de julho de 2012

Amor à gordinha

   O chão treme. Cada átomo do universo parece obedecer às batidas dos corações. Milhares deles. A Terra parece pronta para desfalecer. Ao fundo um coro ensandecido. Milhares de vozes em uníssono bradando aos quatro ventos uma única emoção.
   O movimento é inesperado. Nem é preciso pensar, simplesmente... acontece. Mais gritos. Algumas lágrimas.
   O momento decisivo chega. Silêncio total. O tempo parece ter parado, se demorando no seu ciclo infindável, curioso para saber o resultado. Milhares seguram a respiração, sem piscar, enquanto esperam pelo momento em que o tempo seguirá com o seu curso. Mas não agora. Silêncio. Batidas ecoam, altas como um tambor ditando o ritmo de uma marcha de guerra.
   Foi. Pessoas fecham os olhos, roem as unhas e esperam pela fração de segundo mais longa de suas vidas.
   E então o tempo volta a passar e o barulho ressurge das cinzas, ainda mais ensurdecedor. Levanto os braços e eles vão a loucura. Pessoas se abraçam, pulam e se beijam. O chão treme, como em um terremoto, e o gramado, o estádio, o mundo todo parece pronto para ruir a qualquer instante.
   E que rua. Que engula todas as pessoas e não deixe para trás nada além de ruínas.
   Ninguém se importará.
   Não durante o êxtase do gol.

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