sexta-feira, 9 de março de 2012

A primeira vez

  Todo mundo já cansou de ouvir que a primeira vez a gente não esquece, e é verdade. Eu ainda me lembro, como se fosse ontem. Lembro da preparação, do medo de não ficar bom, todas as inseguranças que nos afligem quando o assunto é algo desconhecido. Pensei varias vezes em adiar, estava morrendo de medo. "Imagina se eu estrago tudo?" Pensava comigo mesmo. Se a primeira impressão é a que fica, então a primeira vez é a mais importante e eu não queria estragar isso de jeito nenhum.
  Lembro de ouvir as pessoas comentando, com água na boca enquanto discutiam os detalhes e trocavam dicas sobre como torná-lo mais saboroso.  
  Eu era jovem, e apesar de ter uma noção do que fazer, não tinha certeza se seria bom. Passei uma semana matutando o assunto e decidi que bom ou não, eu teria de fazê-lo. A primeira vez não precisava ser necessariamente boa. Do mesmo jeito que agora sabia equações enquanto um ano atrás nem imaginava como fazer, coloquei na cabeça que aquilo também poderia ser aprendido.
  Era uma quarta-feira, estava sozinho em casa e decidi pôr mãos à obra.
  Comecei, e a coisa foi esquentando. Não sabia quanto colocar, nem se estava colocando da forma adequada, mas enfim, como eu já disse inúmeras vezes, era a minha primeira vez.
  O calor era palpável e decidi que estava na hora. Peguei e despejei, senti o calor fluir e os odores se misturarem no ar enchendo minhas narinas. Por enquanto, tudo certo.
  Mas agora havia chegado a hora do temido momento decisivo.
  Peguei a xícara, e quase a deixei cair. Estava quente demais mas segui em frente. Tomei o primeiro gole, de olhos fechados, esperando que o resultado tivesse saído tão bom quanto esperado. Foi bom, e apesar de a primeira vez ser memorável, ela não é a melhor. Nem de longe.
  A primeira vez é estranha, mas fica cada vez melhor.

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