O garçom deixou a
conta na mesa e Armando a pegou antes que o amigo pudesse se mexer, ambos ainda
se recuperando das risadas.
-
Fala aí quanto deu, - disse Caio recuperando o
fôlego – a gente racha meio a meio.
-
Nem vem, faz mó tempão que eu não te vejo e você
quer pagar a conta?
-
Nada a ver, fala aí quanto deu logo.
Caio se esticou
para alcançar a conta mas Armando a tirou do alcance com a mão esquerda,
enquanto a direita entrava no bolso em busca da carteira.
-
Deu o quê? Quarenta? Vou deixar vinte aqui –
disse Caio jogando um Mico na mesa.
-
Pode guardar isso, para de besteira.
-
Pô, para com isso.
-
Não. Guarda essa merda aí que quem paga hoje sou
eu. Não adianta insistir, hoje é por minha conta. E para de encher meu saco,
hein. – Armando disse começando a rir.
-
Tá bom. Mas só hoje hein. – disse Caio guardando
a nota de novo na carteira.
Silêncio. Armando
parou no meio do movimento de procurar as notas e as pessoas que estavam no bar
congelaram. A tensão era palpável e todos esperavam a reação de Armando que,
mesmo com os olhos arregalados, não enxergava nada além de sua carteira, a
conta e seu amigo.
-
O quê? Eu não ouvi o que você disse.
-
Pode pagar, mas só hoje hein.
-
Como assim, pode pagar? Que porra é essa? Eu
tenho cara de banco pra ficar pagando as coisas que você come? Eu tenho cara de
agiota? Não, não, melhor, eu tenho cara de palhaço? Pô, a gente se reúne aqui,
maior alegria, confraternização e você me solta uma merda dessas? Isso aqui não
é um encontro pra eu pagar pra você. Você vai dar pra mim? Hein, vai dar pra
mim hoje?
-
Não cara, eu só achei que... pô, você ficou
insistindo pra pagar e-
-
E coisa nenhuma, você é um puta de um folgado. –
pegou uma nota de cinquenta e jogou em cima da mesa. – Olha, nem me procura
mais, finge que eu não existo.
Se levantou e foi
embora, murmurando para si mesmo:
- Pô, puta cara sem
educação...
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