quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Napa de leão

   Napoleão Bonaparte foi um francês nascido na França, que nasceu antes e morreu depois. Entre 1769 e 1821, mas isso não deve ser totalmente considerado, pois é dele a frase “a história é escrita pelos vencedores” escrita por ele logo após uma vitória. Ainda muito jovem, sua mãe veio até ele e falou o que foi dito. Quando criança era pequeno, quando adolescente continuou pequeno e adulto idem. Lutou em muitas guerras, venceu as que ganhou e perdeu as em que foi derrotado. Teve um cavalo chamado branco que era preto e era um homem de armas que buscava usá-las para matar e nunca para morrer. Depois de tomar o poder tornou-se poderoso e assim seguiu-se até que não. Em todos os ramos de atividade foi precedido apenas pelos que antes vieram e sucedido pelos que sobrevieram, sem exceção. Teve muitos simpatizantes e opositores, assim como o contrário. E foi vivendo até morrer, naturalmente, de causas sobrenaturais, permanecendo morto até os dias de hoje.

domingo, 26 de agosto de 2012

Frases da semana #1

   1# Eu sou contra eufemismos, mas existem palavras que eu procuro evitar. Gordo, por exemplo, é uma palavra muito pesada.

   2# “O que Deus uniu o homem não separa.” A mulher, em compensação, separa e faz questão de ficar com tudo.

   3# Vejo esse monte de smartphones por aí e me pergunto: “E as smartpeople, já saíram de linha?”

   4# “O Brasil é ótimo pô, não sofre com nenhum desastre natural.” Fica então minha indagação: e a burrice, não conta não?

   5# Ser gordo é uma merda, mas ficar gordo é uma delícia.

   6# “Eu tenho tendência a engordar.” como diz o cara que não para de comer.

   7# “Você compreende e aceita tudo o que foi falado?” “Sim.” “Desculpe, mas eu tenho que ser bem enfático nessa parte, então vou perguntar uma última vez. Você compreende que, ao entrar no nosso grupo, ao aceitar a nossa ideologia, você está abrindo mão de benefícios próprios para ajudar a população? “Sim, eu entendi. Mas vem cá, quanto eu ganho com isso?”


   Eu posto frases novas todos os dias e você pode conferi-las na minha página no facebook.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Unidos pela justiça


   Não dá mais. Pra mim chega. É agora ou nunca. É hora de consertar este país. Indignados, uni-vos! Presenciem o fim da impunidade, da malandragem, da roubalheira. Nossas crianças precisam de exemplos de integridade, seriedade e honestidade, e isso o Brasil de hoje não é capaz de oferecer. Que nossas crianças não tenham que aguentar as infindáveis conversas de bar sobre os escândalos recentes. Que todos os momentos ruins, todos os apertos, todas as indignações sejam coisas do passado. Que todos saibam; eles tentaram se impôr pelo poder, e não conseguiram. Agora é a hora, sintam o arrepio percorrer cada fio de cabelo do corpo, sinta a energia crescer dentro de ti até explodir em um só grito. O grito de justiça. Louco, longo e definitivo. E após o grito ter acabado, quando só o silêncio for ouvido, que as gerações futuras, que o mundo inteiro saiba; nós não deixamos barato. Todos olharão para esse dia com orgulho, e sinta-se satisfeito por poder fazer parte da história. É o fim de toda improbidade, do indecoro e da impudicícia. Que nossos filhos cresçam ouvindo histórias sobre esse dia. O dia em que finalmente conseguimos justiça. O dia do fim dos escândalos.
   O dia da justiça no futebol.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Campanha anti-literatura

                                             Diga não à literatura.
   Não compre ou leia qualquer livro, papel, guardanapo, manual de instruções ou até mesmo rótulo de refrigerante em hipótese alguma. Queime, rasgue, picote, livre-se de qualquer possível fonte de contato com literatura. É um fato cientificamente comprovado pela ACA (Associação das Ciências Associadas), ler faz mal à saúde.
   Após alguns estudos, cientistas chegaram à conclusão de que a literatura é tão viciante quanto qualquer outra droga (crack, cocaína, LSD) e ainda mais devastadora. Os livros, designação do receptáculo da droga, apresentam ideias, laboriosamente elaboradas pelos autores (quem produz a droga) que têm como função penetrar na mente do usuário e devastar qualquer preconceito, conceito, pré ou pós concebido, deixando para trás nada além de caos e destruição. A literatura alega que seu principal atrativo é apresentar o melhor e o pior do ser humano, com seus sonhos, tentações, erros, acertos, arrependimentos, orgulhos, sentimentos e todo e qualquer tipo de coisa capaz de criar indagações e incertezas sobre coisas que eram antes tidas como certas. Leia sob o risco de se tornar uma criatura pensante. Através desses artifícios baixos, a literatura torna o usuário distraído, diminui a concentração e por consequência a eficiência. A pessoa que lê (vulgo culto) tem mais dificuldade em se concentrar no seu trabalho, principalmente se for um que não a apraza, e não é isso o que a sociedade precisa.
   A literatura é potente, porém seu efeito é de curta duração, o que faz com que o usuário esteja constantemente em busca de mais, e assim se cria um ciclo infindável, que chega a tal ponto que o usuário passa a se tornar dependente da droga, precisando dela até mesmo para algo simples como sobreviver. A literatura é extasiante justamente pelo fato de não passar de uma mentira, que deixa o usuário em um estado de quase nirvana e depois o joga de volta à vida. E nem mesmo a vida passa impune a essa droga. Alguns livros alegam que ela é ruim, injusta, brutal e violenta, o que qualquer não-leitor sabe ser mentira. A vida é boa, repetitiva e simples, desde que Deus fez o mundo e o Diabo tomou o controle, e os livros nada mais são do que uma patética tentativa de controlar o usuário ao dar a ele liberdade de pensamento.
   A literatura não acresce em nada a vida de ninguém. O raciocínio é simples. Os livros apresentam ideias, objetos, lugares que o indivíduo antes não conhecia, logo, quanto mais se lê, mais se descobre coisas sobre as quais não se sabia, portanto os livros nada mais são do que uma forma de tornar o usuário ainda mais ignorante expondo a ele a própria ignorância. Em alguns livros, a droga pode ser encontrada cheia de enfeites e adornos, que podem transparecer nas palavras complicadíssimas ou formatos inusitados, que só servem para o usuário se sentir inferior ao autor, e é portanto também causa de baixa auto-estima.
   Para você, que já é usuário e está lendo este artigo, não se sinta indignado. Nós não esperamos que você simplesmente abra mão de uma forma de "entretenimento" e por isso aqui apresentamos a você a televisão, que é considerada por muitas pessoas que adoram TV como um meio muito mais divertido do que o livro. Com linguagem fácil e acessível, canais parecidíssimos, você não precisará se preocupar na hora de escolher o que vai assistir, afinal é tudo a mesma maravilha.
   Esperamos que esse artigo expondo os malefícios da leitura seja suficiente para mantê-lo na realidade, ou trazê-lo de volta a ela, caso já seja usuário. Precisamos de pessoas passivas e apáticas na hora em que excremento acumulado após a digestão comece a voar. Não tenha medo de mostrar este artigo para outras pessoas, pois contratamos a pessoa que melhor escreve piores textos, trazendo assim segurança a todos os que buscam um pouco de informação.
   Mas para por aí.
   E volta (vai) pra televisão.

domingo, 12 de agosto de 2012

Autógrafo

-... é isso aí, obrigado gente!
   Finalmente. Depois dos aplausos, os murmurinhos recomeçaram, as pessoas se levantaram e era agora o momento pelo qual ela tanto esperara. Planejou, pensou e imaginou esse momento por semanas na cabeça, e a cada vez ele acontecia de forma diferente. Mas nem em seus mais sombrios devaneios, aquele momento transcorrera como na realidade.
   Levantou-se e ficou frente a frente com ele, câmera em mãos, sem coragem de sequer pronunciar o seu nome. Simplesmente ficou lá, em pé, parada, esperando pelo momento em que ele tiraria fotos, daria autógrafos e conversaria. Mesmo que ela não conseguisse dizer nada diante dele, um autógrafo e uma foto seria mais do que suficiente, mesmo que o autógrafo não tivesse destinatário.
   Olhava fixamente para ele e tinha certeza de que, por uma fração de segundo, seus olhos se encontraram. Os olhos dele continuaram a zigue-zaguear pela sala enquanto os dela continuaram fixos, agora com a cabeça latejando por causa do sangue que o coração bombeava desesperadamente, fazendo sua blusa pular levemente a cada batida.
   E então seu coração parou.
   Ele se virou e, com um sorriso falso no rosto, foi embora. Simples assim. Uma porta se abriu atrás da mesa de conferência onde ele havia respondido às perguntas e ele entrou. A porta se fechou, e ela ficou sem reação por alguns instantes.
   Quando a ficha caiu, ela chacoalhou a cabeça só para garantir que não imaginava coisas. Começou a abrir caminho entre a multidão que agora conversava entre si, com expressões satisfeitas nos rostos, como se o autor não tivesse contrariado tudo o que ele defendia em seus livros. Os outros sempre foram estranhos a ela. Os outros deixavam barato, ela não.
   Chegou ao seu carro e quebrou dezenas de limites de velocidade, dirigindo frenéticamente até chegar ao local que ela tão bem conhecia. Parou em um lugar mal iluminado e esperou em frente a uma das casas que ele possuía. Sabia que era para lá que ele ia para os fins de semana, quando queria levar uma vida normal, e talvez fosse uma das únicas pessoas que soubessem. Uma pequena casa idêntica a todas as outras do quarteirão, cercada por um bar em uma esquina e um beco no outro.
   Esperou, com a tensão que a acompanhava sempre que ela o vigiava. Tinha um de seus livros na mão, como sempre. Tudo o que ela queria era um autógrafo. E um sorriso. Um sorriso que fosse apenas dela.
   Ele devia ter parado em algum clube, pois não chegou antes das três e meia da manhã, caminhando trôpego com as mãos no bolso. Não se surpreendeu. Era comum ele beber tanto a ponto de não saber mais onde morava, e mesmo quando o taxista chegava ao local que ele dissera ser sua casa e ele via que não era o lugar certo, ele não falava nada. Descia do táxi e seguia a pé, de cabeça abaixada, geralmente parecendo assobiar uma canção.
   Ele passou em frente ao seu carro, o coração acelerou, ela apertou o livro contra o peito e abriu a porta do carro. Iria pegar o seu autógrafo. E o sorriso.
   Dois dias depois o corpo foi achado no beco perto da sua casa. A notícia repercutiu por todo o mundo. Fotos circulavam pela internet do autógrafo que pintava as páginas já amarelas do livro com uma caligrafia quase ilegível.
   “Com muito amor e paixão, para a minha maior fã de todas,” E acabava aí. O autógrafo não estava destinado a ninguém.
   Mas não pense que a culpa era dela, não. Ela não teve tempo sequer de dizer o seu nome.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Intriga da corrupção

   O fenômeno da corrupção é algo praticamente sem precedentes, sendo precedida apenas por ela mesma e infinita no seu ciclo infindável. Sabe-se que é um fenômeno ao verificar a quantidade de adeptos que cresce em um ritmo mais acelerado do que o PIB da China, mas diferentemente dessa, não tem previsão para diminuir, muito pelo contrário, justamente o oposto.
   Atualmente, o fenômeno se encontra no seu pico, com o maior número de práticas diárias registradas desde que Eva e Adão comeram a maçã, e está sendo constantemente desmascarado, fato que os veteranos atribuem ao crescente número de novos adeptos amadores que decidiram simplesmente começar a praticar sem qualquer tipo de instrução prévia, o que, advertem os profissionais, é totalmente irresponsável, inconsequente e antiético, visto que coloca em xeque o empenho e o talento dos praticantes de longa data. Os veteranos assumem, sem qualquer resquício de vergonha, a falta de instrução necessária para a consumação do ato propriamente dito, mas insistem em ressaltar a importância de ter uma - o que os leigos chamam de cara de pau - face com músculos altamente desenvolvidos e treinados de modo que se torne possível ao praticante transformá-los em uma superfície dura e imóvel como madeira sempre que necessário.
   A política é o âmbito onde mais se desmascara esse fenômeno, mesmo sendo historicamente comprovado que é na política onde se encontram os veteranos profissionais, doutores que passam aos mais novos os ensinamentos para que estes passem para a próxima geração e assim sucessivamente, evitando a qualquer custo a perda desse conhecimento tão laboriosamente desenvolvido e fundamental para a existência da espécime brasileira. Se você é um amador tentando desenvolver seus músculos faciais ou aprender as mais diferentes táticas para uma prática mais efetiva, não ouse abordar os doutores diretamente. Seus ensinamentos se passam através dos noticiosos, escondidos em plena vista, onde apenas os verdadeiramente dedicados e dignos, os escolhidos, obterão êxito na desesperada jornada para captar a mensagem, o conhecimento perdido que não se perdeu. Eu já passei por isso e sei as dificuldades que assolam os amadores ainda cheio de dúvidas, portanto darei uma pequena dica para que vocês possam começar a separar o útil do lixo, a verdade da mentira, a corrupção da falsa honestidade.
   Procurem por algo como: eu não sei de nada.
   Se alguém te abordar, você já sabe o que dizer.
   E se alguém insistir, mencione Sócrates. E tem gente que diz que corrupto não tem cultura. Eu não sei de nada, mas se eu soubesse, diria que isso é bobagem. Pura bobagem. Ou melhor ainda, intriga da oposição.